por favor, vá até o final dessa janela e veja a arte que a Mia fez em comemoração ao um ano de inacentuado (:

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

take my time

Sabe aqueles textos ridículos de adolescente?
Aqui vai mais um.

Ela lembrava e esperava que, de alguma forma, alguém a ouvisse e tomasse suas lágrimas como incentivo para que chovesse, para que a música que tocava tudo tivesse o seu maior significado, e o mais bonito.
Mas eu digo desde já, sendo grosseria ou não contar aos leitores o final dessa curta história: não choveu.
Ela sentia algumas gotas, mas elas deviam ser só a sua imaginação.
Também imaginava a chuva caindo de fininho e indo se transformando em algo mais consistente e forte, como no dia em que ela julgou ser o melhor de todos. Aquele que a deixou mais feliz.
Como no melhor momento do dia. O momento em que essa mesma música marcou.
E enquanto ela imaginava, a voz conhecida contava ao fundo. Voz que sempre a fazia sentir-se bem. Sempre. A voz de uma estranha, que mesmo sendo estranha, era tão familiar, era tão amada, podemos dizer.
Ela não sabia do que a estranha gostava de comer, ou qual seu tipo sanguíneo, e nem mesmo o nome de algum ex-namorado. Não sabia reconhecer quando ela estava com raiva, nem quando estava triste. Nem sequer sabia alguma história de infância ou adolescência. Só sabia que a estranha a fazia sentir melhor. E sabia que nunca ia poder ter, de fato, o sentimento que imaginava ali, esperando pela chuva, e ouvindo a voz da desconhecida e amada estranha, que era tão familiar.
Então ela esperou, e voltou a música muitas e muitas vezes, como se alguém pudesse entender que tudo aquilo era um pedido, uma súplica para que chovesse.
Mas como eu lhes disse, não choveu.
Então ela começou a se lembrar, a se lembrar de tudo.
Se lembrou de todas as vezes que aquelas pessoas que não eram estranhas estavam com ela.
As vezes em que ela chorou no colo de cada uma e, em seguida, as vezes que nunca pode se sentir mais feliz.
Horas intermináveis no telefone, risadas bem altas, piadas internas. Conversas no meio da aula, abraços no corredor ou elogios maravilhosos que provavelmente ela não merecia.
Tudo aquilo era tão bom, e podia mudar tão depressa.
Tudo que é bom demais tem essa mania de mudar depressa.
E então, um espaço especial era reservado para ele e para toda aquela incompreensão que ela insistia em ter quando pensava a respeito. Esse espaço era reservado também para aqueles pensamentos que a deixavam em dúvida se seria muito estranho se ela ao menos o dissesse o que queria dizer, ou se ao menos pedisse para que ele dissesse a ela aquilo que a deixaria sem jeito, aquilo que faria com que ela o abraçasse e dissesse que ia passar. Porque vai passar.
Sempre vai.
E se lembrava de quando ele era um estranho, e de como não é mais.
Mas esse espaço era ocupado pelo motivo de ela estar ouvindo aquela música naquele momento, e isso a fazia sentir-se triste. Porque esse motivo foi uma coisa muito, muito boa. E mudou depressa.
E, bem, não choveu.

2 comentários:

  1. And oh, oh, how could you do it?
    Oh I, I never saw it coming.
    Oh, oh, I need the ending.
    So why can't you stay,
    Just long enough to explain?

    ---

    Eu te amo, Nani *--*

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