por favor, vá até o final dessa janela e veja a arte que a Mia fez em comemoração ao um ano de inacentuado (:

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mike sentou e esperou.

Seus pézinhos pequenos de uma criança de 5 anos com seus all stars balançaram por não conseguirem alcançar o chão.
E ele pensou que aquela cadeira de hospital era realmente desconfortável.
E se o papai demorasse para voltar para casa? Provavelmente suas costas iriam começar a doer antes que ele começasse a dormir. Ele sempre dormia. Mesmo em hospitais, que eram lugares dos quais os adultos de sua família não gostavam muito. Acho que era por causa da doença de papai.
Mesmo com ela existindo, Mike nunca visitou muitos hospitais. Deveria ter visitado um quando sua mãe o teve, porque a sr.Wormwood disse em uma aula que os bebês saem de dentro das mães, o que era completamente estranho para ele entender. Ainda mais porque nunca tivera uma mãe.
Como seria ter uma mãe? Ela não brincaria com seus aviões e carrinhos e isso seria muito, muito, chato. Acho que ele realmente gostava mais de ter duas pessoas com quem brincar do que só uma. Mesmo que ele só tenha duas pessoas.... porque tem duas pessoas.
A cabeça do garoto ficou muito confusa e isso fez com que seus olhinhos ficassem mais pesados e sua cabeça quisesse deixar que seus cabelos claros se bagunçassem quando pousaram no colo da Tia Luna, que tentava fingir que não estava chorando para não o assustar.
Mike sempre entendia o que estava acontecendo.
E era por isso que naquele dia, mesmo que seus olhos grandes e azuis insistissem em querer fechar, ele não podia deixar que isso acontecesse.
Geralmente sabia o que ia acontecer, mas naquele momento seus temores de infância não deixaram que aquilo acontecesse de novo.

- Tia Luna, onde está o papai?
- Ele... ele está na sala do médico, meu amor.
- Não, o Neil.
- Ah, ele... ele está... aqui. Ele vem te ver daqui a pouco, Michael.

Michael sabia que ela dormiria em poucos minutos, então fechou os olhos e deixou que seus pensamentos não deixassem com que ele dormisse.
Quando fechamos nossos olhos, geralmente vemos tudo preto.
Mas Mike podia ver sua mente dando algumas voltas. Podia ver sua mente caminhando por aquele corredor gelado que cheirava a álcool e lembrava quando tinha que tomar vacinas. Sua mente entrava em algumas salas e ouvia frases das quais ele não entendia o significado.

Estancar o sangue.

Desligue os aparelhos, acabamos de a perder.

Como assim ''pararam de funcionar''?

Ele está com hemorragia nos pulmões, minha senhora. Faremos o que for possível.

A última frase fora a pior de todas. Aquela que, por algum motivo, fazia com que Mike quisesse chorar e ir atrás do pai.
Mas ele também podia ver uns vultos de coisas ruins. Pessoas vestidas de cores claras que não tinham bocas. E um borrão vermelho que ia de um lado para o outro em sua mente em uma velocidade incrível.

Fez o possível para abrir os olhos e tirar aquelas imagens de sua mente de criança, e quando finalmente as luzes do teto do hospital machucaram seus olhinhos, ele olhou para os lados.
Algumas senhoras ali que pareciam bem menores olhando de cima da cadeira de hospital - que o deixava mais alto e isso era ótimo - o estavam olhando com olhos arregalados.

- Mocinho, você está bem? Estava tendo pesadelos?
Mike tentou sorrir timidamente e fez que sim com sua cabeça, sentindo que seus cabelos macios de criança estavam molhados de suor.

Olhou para o lado e viu que a Tia Luna estava dormindo, com os olhos maiores do que o normal e mais vermelhos.
Discretamente, se soltou dos braços dela e encontrou, finalmente, seus pezinhos com o chão.
Era estranho caminhar pelos corredores do hospital a procura de seu pai, já que tudo parecia tão grande e todas as pessoas pareciam o olhar de modo muito curioso. Mas ele havia o visto também. Logo após que as frases lhe vieram à mente, ele vira papai sentado em um banco com as mãos enterradas no rosto, com sua velha camiseta preta de dormir que tinha o seu cheiro.
Papai parecia triste demais para querer chama-lo de Mike Wuazouski e pega-lo no colo.
Mike ouvia alguma coisa na cabeça dele dizer que papai estaria completamente acabado por causa de alguma coisa, mas sua mente e coração de criança não o deixavam entender.

Quando finalmente dobrou uma esquina com uma porta muito grande de vidro com o nome do hospital e encarou um grande corredor branco, avistou Neil, o papai.
Suas mãos estavam mesmo no rosto, e o pouco que se podia ver dele estava vermelho. Sua camiseta preta de dormir estava amassada e Mike podia ver como ele se sentia naquele momento.
O que acontecera a papai? Porque ele estava diferente como nunca?

Alguns mêses atrás um dos pais o havia ensinado a ler e escrever.
Com uma dificuldade que deveria ter durado 10 segundos, conseguiu ler a inscrição na porta à frente do banco onde papai estava sentado.

Sala de Cirurgia.

Papai finalmente percebeu que ele estava ali.
Tirou a mão do rosto enquanto o chamava para mais perto.

- Mike... Cadê a Luna?
Mike sentou ao seu lado, seus pés mais uma vez não podiam tocar o chão.
- Ela está dormindo. O que há com papai?
Neil voltou a limpar as lágrimas.
E não respondeu.
Seus braços se misturaram e Mike pode sentir o cheiro do pai bem de perto.

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